Certo dia numa casa do Rio de Janeiro, entre outros conhecimentos duas pessoas comuns foram apresentadas. Encontro de homem e mulher como tantos, tendo cada um, um passado vivido e declarado. Na gíria da região foi um encontro maneiro, na conversa franca segredos nenhuns. Eram dois a notar que havia encantos e por isso, não foi um papo rápido, foi enlevo demorado. Mas, acabada a festa foi cada um para um lado. Ficou a vontade de mais ver em novo encontro, mesmo que fosse um sonho alado, versos cantados, telefonemas apressados ou qualquer outra maneira de aproximação.
Na falta de melhor possibilidade, a internet resolveu de pronto. Passado o tempo, novo encontro aconteceu. Inusitado, curioso, inesperado, dessa vez no aeroporto, onde ele estava de passagem e ela, lá trabalhava.
É..., ele sabia disso, afinal a conversa foi demorada na primeira vez. Então..., procurou-a, encontrou-a e como dois adolescentes saíram a passear pela estação, como namorados a espera do avião.
Contudo, naquela viagem só um seguiria, o outro ficaria. E assim aconteceu.
A chamada do vôo, a despedida, um na vontade de não ir, outro na vontade de acompanhar, e como em tantas outras histórias de amor mal resolvido, nenhum dos dois fez o que realmente queria.
Seguiu-se a vida, o tempo passou e não mais se viram. Apenas um e-mail de vez em quando, um cartão virtual, um novo telefonema, nada..., além disso.
Ele assumiu a covardia de não lutar pelo que queria. Ela manteve-se como sempre, estática. Na seqüência da vida ela acabou por necessidade mudando para mais longe. O Rio de Janeiro que antes foi o ponto de encontro, agora não é nem mesmo metade do caminho.
Porém, a danada da internet, continua cumprindo a missão de unir as pessoas que separadas, mantêm a tristeza viva, a solidão ativa, e uma não realidade experienciada.
O Skype novamente mostrou um ao outro. A voz tinha emoção, o sorriso era nervoso, os gestos quase trêmulos. Tudo isso reacendeu a pequena chama que quase apagada por baixo das cinzas da lembrança, ressurgiu como a Phoenix renascida.
E novamente foi um papo longo, outro encontro maneiro, mas, como sempre de conversa franca, que agora guardava segredos comuns, que foram trocados. E os dois notaram que os encantos permaneciam e por isso não foi um papo rápido, e sim mais um enlevo demorado. Chegou o momento em que acabado o papo cada um se manteve onde estava. Ficou a vontade de mais ver em novo encontro, mesmo que fosse um sonho alado, versos cantados, telefonemas apressados ou qualquer outra maneira de aproximação.
Ele não sabia o que ela faria, contudo, resolveu por ele, fazer o que normalmente fazia. E como escritor e poeta usando do que sabia, criou uma crônica de tudo que na consciência havia. Numa prosa poética, transcreveu a emoção, mostrando a quem quiser ver, que ambos, por serem íntegros e manterem a ética, não viveram a sensação de duas pessoas que se encontram, se atraem, mas não traem, e continuam a viver como tantos, mais uma história de um amor mal resolvido.
Olinto Simões