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sábado, 8 de novembro de 2008

Conversa - (literarianamente) - entre amigos
Recebi esta crônica do amigo Tullio Stefano, narrando episódios da vida dele, e não me furtei ao direito de respondê-la, como faço a todos que me escrevem.
Primeio aqui, ô que ele escreveu, depois ao final, minha resposta.

Dele:

Garoa em São Paulo.
Finalmente a velha garoa paulistana cai numa condensação do sol que neste instante pintou a aquarela do passado.
Era dia quando fui, ainda criança e atravessei a Rua Miguel Telles Jr., no Cambucy, para ir ao colégio marista.
Naquela manhã os cabos dos ônibus elétricos me chamaram para mudar de direção e cabular a aula.
Começava a me achar o tal e que os professores não ensinavam o sufiente. Que a biblioteca do bairro era coisa de moleque. Naquele dia com o testemunho da garoa aos onze anos de idade eu me tornei homem feito e todo resto era resto.
Meu pai era obsoleto bem como os irmãos maristas do colégio.
Fui direto à biblioteca municipal que se chama Mário de Andrade e com a benção dele entrei no conciliábulo dos homens pensantes.
Ali eu estava diante de Kepler, Mendel, Darwin e Davinci. Naquele dia soube que a loucura era santa e sua epifania iria lograr um horizonte tal qual a nuvem espessa de carbono e marisia que cobriu a cidade, fez garoar e que hoje veio a meu encontro, desterrado dos desterros do jamais.
Na biblioteca municipal onde um funcionário achou que eu ainda era um garoto para ler tais coisas. Ledo engano, pois eu acabara de virar homem. Meu sotaque carioca até então meio preservado e posto a fio quando necessário, fez dizê-lo que eu estava ali de passagem e a velha companheira chamada passagem me mandou para biblioteca Sergio Milliet, (CCSP), e lá me encontrei com Aristóteles e Darwin e depois seria depois.
De volta para o berço guanabarino aos doze anos, reencontraria com meu velho progenitor chamado mar. Sua língua estava fincada no rosto do asfalto e com ele tive que me entender. Briguei é claro!
E nos portais dos conciliábulos da avenida Rio Branco e da Araujo Porto Alegre, fui iniciado com a marca dos que não cessam, e, desde aqueles dias em que tinha me tornado adulto, só os livros iriam me ler.
Garoa aqui em SP, mas, ela não enxuga o suor da miséria, não lava as portas da Biblioteca Mário de Andrade e nem faz com que a Av. Paulista se espraie numa orla. A garoa apenas diz que São Paulo não é santo, e que o padre Anchieta, possivelmente teria sido ateu tal como eu.
Essa garoa veio me receber e dizer que um lastro de poesia deve me suportar e gritar nos subterrâneos do futuro, à gota dos homens que choram.
Desculpem-me. Os bares velhos do centro velho de Sampa me fizeram um pouco mais jovem ao conversar com a aquarela da garoa.
Grande Abraço a todos!
Tullio


Deste ponto em diante, minha resposta:

Querido e paulistaneante amigo.
De há muito não conseguia eu encontrar alguma coisa que valesse à pena, literalmente, na pena, que embora pela égide da Tecnologia, me chega em 'nanos brilhantes pixel's', de não menos muito mais intenso em brilho, luzir pessoal.
De há muito, sei também que o escritor da belíssima crônica que recebi, parece começar a se encontrar, justamente por retornar ao ninho inicial do despertar consciente para a verdade humana.
De há pouco, senti saudade.
De há pouco entendi, algo que comigo aconteceu quando escrevei alguma coisa intitulada "Jurupari 21".
De há pouco, quando li seus escritos, mesmo que digitados, senti que o universo cresceu, ou se elevou, pois de há muito aprendi que quando uma alma se eleva, eleva o mundo.
Portanto..., paulicelie o bastante para conciliar essa lembrança tão linda, com a realidade tão vera, real, severa, quase irreal, mas continue na caminhada.
Só os iluminados sobreviverão neste mundo de sombras, sejam elas cariocas, paulistas ou paranaenses. Elas podem variar, podem ser "fanqueiras, garoadas ou chimarroneadas", mas nós, somos apenas..., escritores, e os escritores são eternos, isso para não lembrar que somos poetas e como tais, "Divinos" !
Grande Abraço.
Torço por você.
Olinto.

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Olinto Simões

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